Quinta-feira, 24 de Junho de 2010
A Impressão com Tipos Móveis

Uma pessoa chinesa ficaria surpresa ao ouvir que Johannes Gutenberg inventou a impressão na Alemanha há aproximadamente 550 anos. Na verdade, a arte da impressão é muito mais antiga. Ela se desenvolveu primeiro na Asia Oriental e séculos antes de Gutenberg nascer, por volta dos 1400, as chineses conheciam o sistem dos "tipos móveis" [movable characters]. Tipos esculpidos em ossos, bronze, cerâmica e lajes de pedra são evidência do uso da escrita na China já no milênio 5 a.C. A escrita tornou-se reproduzível em larga escala quando as chinesas inventaram o papel há mais ou menos 2.200 anos atrás. Naquela época, o papel era feito de fibras de canhamo [hemp fiber], depois de panos de seda ou casca de amoreira e outras matérias primas exóticas. E funcinou: de repente grandes superfícies para escrita estavam disponíveis e podiam ser facilmente reproduzidas.

 

Logo veio à tona a questão da reprodução de caracteres. Abrasões chineses [chinese abrasions] e impressões simples de inscrições em pedra sobre papel são consideradas formas antigas de impressão. Elas possibilitaram diretamente o espraiamento de textos. No século II d.C., mais ou menos na mesma época em que no mundo ocidental o emperador romando Marco Aurélio gravada seus pensamentos filosóficos em rolos de papiro e dependia de escribas para duplicação, na China desde o ano 175 -- segundo a nossa maneira de calcular o tempo -- [of our time calculation] os principais trabalhos da literatura chinesa clássica eram talhados em tábuas de pedra. Milhares de cópias eram feitas por impressão simples: papel úmido era pressionado nas inscrições de pedra e então varria-se o papel com tinta, que destacava, em branco, os caracteres talhados, em contraste com o papel enegrecido pela tinta. [Imagine que o texto é talhado numa laje de pedra, em baixo relevo. Então o papel, úmido, é colocado sobre a laje e escova-se o papel inteiro, com tinta escura. O papel não entra em contato com as áreas em baixo relevo, ou seja, o texto. Assim, o texto aparece no papel sem tinta, em contraste com as outras áreas que ficaram pintadas]. O estágio seguinte foi o chamado impressão em blocos de madeira [woodblock pringing] no século VII: cada caractere era talhado espelhado [in reverse] num pedaço de madeira, removendo-se toda a madeira ao seu redor. Esse talho em alto relevo era tingido e encostado no papel, produzindo assim a impressão positiva do texto desejado.

 

Por muitos séculos esse foi o principal método de impressão de livros religiosos e cotidianos [religious and everyday books], cartas de baralho, calendários, papel moeda e retratos [pictures] na China. O sofisticado sistema de administração e educação chinês da dinastia Song (960 a 1269) causo o boom da impressão. Assim, enciclopédias, manuais e coleções de literatura de todos os tipos foram produzidas. O método de impressão com madeira foi usado na China até o fim do século XIX. Mas por volta de 1040, quando na Europa o conquistador William [William the Conqueror] ainda passava sua infância na Normandia, um chinês chamado Bi Sheng já experimentava com tipos móveis, tipos individuais de impressão feitos de cerâmica. Ele arranjava os tipos em placas de ferro, formando o texto completo, e os fixava com uma camada de cera e resina. Estes eram entam impressos. Para usar os caracteres novamente, aquecia-se a placa de ferro até que a cera ou resina derretesse e soltasse os tipos de cerâmica. 300 anos depois surgiu o primeiro caractere de madeira.

 

Daí era só um pequeno passo até a manufatura tipo de madeira individuais em tamanhos uniformes para poder montá-los em blocos padronizados. Logo foram realizados experimentos de sucesso com caracteres de cobre, chumbo ou latão. Mas a impressão com tipos móveis nunca se consagrou na China até o final do último século. A razão é óbvia: Enquanto a impressão tradicional com tábuas de madeira inteiras demandavam um espaço enorme para armazenamento, as milhares e milhares de caracteres chineses impedia a composição simples e, sobretudo, rápida, de tábuas de impressão de letras móveis.

 

Em comparação, foi muito mais simples para Gutenberg, com apenas 26 caracteres e uns poucos caracteres auxiliares para arranjar palavras! Na Ásia apenas as coreânas alcançaram esse passo crucial. Elas desenvolveram uma escrita alfabética chamada "Han'gull", quase na mesma época da invenção de Gutenberg na Alemanha. Essa escrita consistia incialmente de 28, e depois 24, caracteres e foi apresentada oficialmente na coréia no ano de 1444 -- quase na mesma data (1452 a 1455) em que Gutenberg imprimiu sua famosa bíblia em Mainz.

fonte:http://anexo.birosca.org



publicado por adm às 22:12
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