Sexta-feira, 25 de Junho de 2010
A Anestesia

A primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral foi realizada em 16 de outubro de 1846. O cirurgião John Collins Warren realizou no anfiteatro cirúrgico do Massachusetts General Hospital, em Boston, a extirpação de um tumor.

O paciente foi anestesiado com éter pelo dentista William Thomas Green Morton, que utilizou um aparelho inalador por ele idealizado.

Morton, já havia praticado com sucesso extrações dentárias sem dor, com inalação de éter, e obteve autorização para realizar a cirurgia sem dor naquele hospital.

Na época, ele não revelou qual era a substância usada, deu a ela o nome de LETHEON, do grego: esquecimento. Somente depois, devido a pressões da Associação Médica de Boston Morton revelou que usava  apenas éter sulfúrico puro. Até então cirurgias sem dor eram consideradas utópicas pelos acadêmicos.

 

Antes disso

Para amenizar a dor nas cirurgias, antes de Morton, eram utilizados recursos como: extratos de plantas dotadas de ação sedativa e analgésica, além da hipnose e bebidas alcoólicas. Somente na China com a milenar acupuntura conseguia-se tal proeza de forma diferente.

Na Idade Média o método empregado vinha da Escola de Alexandria, era uma formula encontrada no mosteiro de Monte Casino. Tratava-se da esponja soporífera, que se consistia dos seguintes elementos: ópio, suco de amoras amargas, suco de eufórbia, suco de meimendro, suco de mandrágora, suco de hera, sementes de bardana, sementes de alface e sementes de cicuta - uma onça de cada (28,7 g). Tudo era preparado em um recipiente de cobre, bem misturado com uma esponja, até ferver e ocorrer a evaporação total.

A aplicação da anestesia era feita mergulhando a esponja em água quente por uma hora, e em seguida a colocando embaixo das narinas do paciente até que ele durma. Para despertar o paciente era usada uma outra esponja, esta embebida em vinagre. 

Gás hilariante

Em 1773, Joseph Priestley descobriu o dióxido de nitrogênio (NO2) é o primeiro passo em direção à anestesia geral.

Quem experimentou seus efeitos pela primeira vez foi Humphry Davy, um aprendiz de farmácia da cidade de Penzance, na Inglaterra, que em 1796 inalou o NO2 e verificou que o gás produzia uma sensação agradável, acompanhada de um desejo incontido de rir, surgindo o nome gás hilariante.

Apesar da medicina, na época não ter tomado conhecimento, Davy escreveu um texto chamado Vapores medicinais, que concluía que o gás hilariante suprimia a dor e deveria ser empregado em cirurgias. Davy descobriu isso após ter inalado o gás quando estava com dor de dente, a dor cessou na hora.

 

Teste em animais

Um médico e cirurgião inglês chamado Henry Hill Hickman passou a experimentar o NO2 em animais e obteve êxito, porém não conseguiu autorização da  Royal Society e da Associação Médica de Londres para realizar a experiência em seres humanos. Em 1828 ele escreveu ao rei da França, Carlos X, pedindo-lhe para submeter o seu projeto à consideração da Academia de Paris. Não foi aceito.

Desiludido, Hickman faleceu dois anos depois, com apenas 29 anos de idade, sem ver realizado o seu sonho da cirurgia sem dor.

Michael Faraday (1791-1867), físico inglês, que estudou a liquefação dos gases e os líquidos voláteis, descobriu que os vapores de éter possuíam os mesmos efeitos inebriantes do dióxido de nitrogênio.

Nem Faraday, nem o dentista Horace Wells, que também pesquisava na mesma direção, não conseguiram ser aceitos pelas Sociedades Científicas da época.

 

O primeiro sucesso

A primeira demonstração pública de anestesia geral bem sucedida ocorreu em 16 de outubro de 1846, por William Thomas Green Morton, no Massachusetts General Hospital em Boston, para uma cirurgia no pescoço. Foi com enorme emoção que o cirurgião se dirigiu à atônita platéia: "Senhores, isto não é um embuste".

Do primeiro sucesso até hoje muita coisa mudou. Novos medicamentos proporcionaram um tremendo avanço, juntamente com o  desenvolvimento de métodos de administração de anestesia e de monitorização das funções vitais do organismo. Com isso houve uma redução drástica na mortalidade durante as cirurgias e a possibilidade de se operar pacientes em estado mais comprometido.

 

No Brasil

Segundo Lycurgo Santos Filho, em sua História geral da medicina brasileira, a primeira anestesia geral pelo éter foi dada em 25 de maio de 1847 no Hospital Militar do Rio de Janeiro pelo médico Roberto Jorge Haddock Lobo.

Logo depois foi utilizado um aparelho de "eterização" trazido da Europa em dois soldados. Um dos soldados foi operado com sucesso, sem dor, de osteomielite fistulizada da mastóide; o outro que era alcoólatra e a anestesia não produziu insensibilidade.

Com isso, logo o éter foi substituído pelo clorofórmio que havia sido introduzido como anestésico na Inglaterra por James Simpson, em 1847.

Foi o professor Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro que em 18 de fevereiro de 1848 aplicou primeira anestesia geral com o clorofórmio dando início à nova era de anestesias no Brasil.

O clorofórmio prevaleceu ao éter e manteve-se por bastante tempo até a chegada dos modernos agentes anestésicos encontrados hoje e praticados nas cirurgias atuais.

fonte:www.semesp.com.br


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publicado por adm às 22:52
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